quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Abaixo a ditadura do sensacionalismo.

Todos os dias, em todo o Brasil, jornalistas convictos de que fazem um bem imenso à sociedade vão às câmeras proclamar a situação caótica em que o país se encontra.

Todos os dias, um pouco antes de irem às câmeras, os mesmos jornalistas assediam as forças policiais atrás de desgraças para veicular ao povo.

Sequestros, homicidios, violência, sangue. É tanto caos que o povo absorve, que já não sobra mais espaço para tanto pânico. Pobres senhoras, sabendo que, do outro lado da cidade, no interior de um violento bolsão de pobreza, um jovem (bandido) morreu assassinado (por outro bandido); temem por suas vidas ao pisarem fora de casa.

Crimes acontecem, é inevitável! A mídia faz questão de torná-los maiores ainda, encorajando seus autores (autores dos crimes acontecidos, e autores potenciais de crimes futuros - sejam eles a mesma pessoa ou não), e amedrontando suas vítimas (da mesma forma, as vítimas já lesadas e/ou as vítimas potenciais) - o que aumenta ainda mais o poder dos autores.

Este importante serviço de utilidade pública prestado por estes profissionais habilidosos; implica na incrível façanha que dificulta o serviço da policia, arrasa os níveis de tranquilidade pública e ajuda os criminosos a exercerem sua igualmente importante atividade. Isso além de configurar um ciclo virtuoso - a virtude é o ganho pecuniário auferido pela emissora - no qual quanto mais crime, mais audiencia; quanto mais audiencia, mais medo; quanto mais medo, mais crime.

A população sitiada? A polícia sobrecarregada? A riqueza da nação se convertendo em patrimonio dos traficantes de drogas - destino da quase-totalidade dos produtos de furtos e roubos?

Pouco importa tudo isso! As emissoras estão ganhando bastante dinheiro, os apresentadores estão bem satisfeitos e o povo com capacidade de discernimento duvidosa continua dando ouvido a esses importantes prestadores de serviço à comunidade.

2 comentários:

Merila disse...

Egoísmo, oras..
Enquanto a emissora ganha e a repórter fica com o status elevado, pra eles está tudo bem...

Cabe às pessoas deixarem as suas mentes escravas ou não. A escolha é de cada um.
Olha só como vc já fez a sua..

Raul Guilherme disse...

A escolha é de cada um, mas os efeitos são coletivos.

O que boa parte do povo que tem acesso à emissora que transmite para a miniha cidade escolhe é o que garante a audiencia deles, e por consequencia a manutenção no ar.

Isso implica em menos segurança pra mim, criminosos mais autoconfiantes na porta da minha casa e, no meu caso, mais dor de cabeça no trabalho.